Relacionamento

CARÊNCIA não é amor. Submissão não é entrega.

Obviamente, o amor não é uma via de uma mão só. Ninguém ama sozinho. Se você carrega sua relação nas costas, algo está errado, porque carência não é amor.

Todo ser humano necessita de amor para ser pleno e feliz. Certamente, um afeto que engloba carinho, atenção e valorização. Faz parte da sua natureza psíquica se validar na aprovação das pessoas.

E, de certa forma, o amor tem essa função na vida da gente. Ele nos enche de vontade de viver, porque aceitamos mais quem somos no amor que o outro sente por nós.

Entretanto, devido a uma defasagem de afeto na criação de uma pessoa ou a sistemáticas rejeições durante o crescimento, muita gente pode desenvolver lacunas muito grande de vazios existenciais.

Então, estes vazios as acompanham a vida toda, e, exatamente nessa falta de amor na construção do seu eu que nasce a carência. É como não se alimentar, ou seja, quanto mais fome você tem mais você necessita do alimento.

Assim também acontece com os sentimentos básicos para se viver, como amor dos seus e o reconhecimento de quem importa na sua vida.

Além disso, conforme os acontecimentos da jornada, essas lacunas de afeto se potencializam e podem doer ainda mais, muito mais.

Então, é diante desse sofrimento do coração que as pessoas são capazes de se submeter a qualquer coisa por um pouco de atenção e carinho. Quando a fome aperta por muito tempo, a comida do lixo passa a satisfazer.

Da mesma forma, as pessoas carentes também se dedicam a relacionamentos destrutivos e fazem de tudo para não perder a pessoa que lhe dá uma atenção deficiente e até abusiva, talvez repetindo as figuras de afeto do seu passado, ausentes ou cruéis.

Toda essa construção de uma relação tóxica serve para que muitas pessoas acreditem que este é o amor que merecem, pois, simplesmente, não conseguem compreender que é a carência gritando.

E, provavelmente, nem elas mesmas amem o tanto que acreditam amar aquele que as trata com desdém. Mas é assim que a entrega vira submissão que significa, na verdade, um mendigar de afeto causado por uma louca vontade de ser amado de verdade. De ter um amor que nunca teve.

Porém, tomada pela penumbra da crença na falta de merecimento de afeto, as pessoas aceitam pouco, fazem de tudo e não recebem nada.

Então procuram, agradam, declaram-se, mas não encontram reciprocidade. Assim, aprendem a aceitar o vácuo, grosserias, falta de respeito e ausências.

Desta forma, vira um ciclo vicioso, onde acreditam que vivem um lance de amor, quando na verdade são prisioneiras de uma nada linda história de carência.

Se temos fome e não nos alimentamos, perdemos a vida. O corpo não produz alimento. Entretanto, se precisamos de amor e não temos, existe uma solução: o amor-próprio.

O amor-próprio é o remédio para curar as feridas abertas na nossa autoestima. É nele que nos fortificamos e ficamos independentes do amor e validação alheia.

É assim que aprendemos a diferenciar o amor da carência.

Porque quem se ama de verdade, jamais aceitará nada menos do que isso.

Luciano Cazz

Luciano Cazz é formado em Comunicação, também ator e roteirista pela NYFA (New York Film Academy). Além de estudante de Psicanálise. Autor do livro A Tempestade Depois do Arco-íris.

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Luciano Cazz

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