Uma grande avalanche acordou um vilarejo ao pé da montanha. O desespero foi total. Correria, gritos e rezas. Em alguns minutos a cidade toda estava coberta por uma densa camada de neve. Após as buscas, dentre 700 pessoas, apenas um jovem foi encontrado com vida.
Um Anjo aprendiz não entender porque Deus teria poupado aquele único rapaz, uma vez que todos estavam destinados a partir naquele instante.
Quando o único sobrevivente acordou, disse: “Obrigado pela vida, Ó meu Deus!”
Então, o Anjo foi até o Criador:
– Desculpe-me a ousadia, Pai Soberano, mas qual sua explicação para a sobrevida daquele rapaz?
E Deus respondeu:
– Todos são Meus filhos, mas nem todos se veem como irmãos.
O Anjo ficou mais intrigado e Deus continuou.
– A humanidade precisa entender o sentido da existência do Planeta Terra. Pouco ligam para seus irmãos. Acreditam que estão lá para realizar seus próprios sonhos, para aproveitarem uma boa vida e as belezas que criei, buscarem facilidades, prazeres, grandes feitos e acumularem riquezas.
– Meu Pai, e porque vivem?
– O mundo é palco de muito trabalho. O objetivo da vida humana é evoluir o espírito, centrar sua existência no amor. As dificuldades a serem superadas na vida, a vocação profissional e unidade familiar que recebem não são atributos de alguém que foi ao mundo para ser feliz, mas são os instrumentos de evolução, de reparação de todo dano que um dia causou.
– Mas e aquele homem?
– Dei-lhe alguns anos mais para ter a oportunidade de ajudar na maior lição do Planeta Terra.
– Qual?
– Que o mundo é um lugar de bondade e harmonia. Que o amor é a chama que acalenta todos os corações.
– Mas como?
– Sabe aquela jovem?
– Sim.
– Qual foi a oração dela quando a neve deslizava?
– Que era muito bela para morrer.
– E aquele homem?
– Que desperdiçaria todo ouro guardado com sua morte.
– E aquela mulher?
– Que tinha conhecido um homem com quem finalmente era feliz.
– E aquele garoto?
– Que não queria partir sem se vingar do pai agressor.
– Pois é, todos eles tinham uma razão para continuar vivos.
– E aquele homem, não?
– Também. Entretanto, a reza dele foi outra.
– Qual? Perguntou o Anjo curioso.
-Vamos acompanhar sua recuperação daqui do céu. Disse Deus.
Acamado, o jovem é cuidado por um enfermeiro curioso que se aproxima do leito do sobrevivente:
– No que pensa?
– Assim que recuperado, voltarei para minha cidade, Belém. Retomarei a carpintaria.
– Foge da neve.
– Exato.
– Mas, diga-me, o que pensou quando a avalanche cobria a cidade?
– Apenas orei.
– Qual oração, José?
– Deus, por favor, opere um milagre e salve nosso vilarejo. Tenha misericórdia de nós que somos todos teus filhos e temos uma boa razão para viver.
O queixo do Anjo caiu. Disse chocado:
– De todo o povo do vilarejo, ele foi único que rezou por todos.
– Esta será a grande lição que você levará a eles: “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei”
E foi neste momento que o Anjo foi convocado para descer a Terra, pois havia compreendido que os mais bem-sucedidos para Deus não eram aqueles que lutam apenas por sua felicidade, mas também, pelo bem do mundo ao seu redor. Pela paz, pelo perdão e pela fé.
O Anjo seguiu na sua linda missão de amor para instruir em relação ao egoísmo comportamental do ser humano, aos julgamentos hipócritas e às maldades gratuitas.
Quando partia ainda ouviu a última recomendação de Deus.
– Não será fácil, meu Filho, embora muito importante para a humanidade.
– Darei o meu melhor, Pai.
– Tenho certeza, Jesus.
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