Ao tirar as curtidas das fotos, talvez o Instagram pretenda nos dizer que existem muitas pessoas incríveis no mundo real sem curtidas no mundo virtual. Que um coração lindo não precisa de perfil social.
Ao ocultar as curtidas, o Instagram nos dá um choque de maturidade. Quando nos baseamos no valor virtual das pessoas ou do que esteja por trás das inumeráveis curtidas nas postagens de um perfil, cometemos o equívoco da superficialidade. Existem diversas maneiras de atrair seguidores e envolvimentos no conteúdo da rede social. Usamos fotos que não são nossas, frases que jamais criaríamos, colocamos filtros que embelezam e saturamos um pouquinho para aquela paisagem ficar com um ar de paraíso. Depois compartilhamos, trocamos curtidas e podemos até comprar seguidores.
Então, batemos dez mil likes e todos acham que somos o máximo, inclusive nós mesmos. Mas não somos, e é isso que o Instagram deseja nos comunicar. Aquela postagem que viralizou é um amontoado de artifícios que têm muito pouco a ver com a gente. Uma realidade virtual construída na capacidade de maquiar uma vida que não é de verdade. Um sorriso de felicidade que é lágrima na vida real. Um rosto perfeito na base de uma inundação de cosméticos. É ilusório, enganador e até falso.
E a gente se engana quando vê e se engana mais ainda quando mostra, porque acreditamos na mentira das curtidas, sem de fato ser curtido por aquilo que a gente é e faz no mundo real. E um milhão de seguidores encobrem um milhão de mesquinharias, um coração cheio de rancores e uma solidão sem filtro com muitas descurtidas pela vida fora do celular.
Ser curtido de verdade, ser gostado pela pessoa que se é, requer mais do que um bom ângulo, uma paisagem incrível ou um texto célebre.
Podemos comprar likes, followers e até um perfil já repleto de seguidores, mas o amor dos outros não se conquista com filtros, com palavras que não brotam do nosso coração e muito menos substitui o olho no olho, o abraço apertado, a companhia que em silêncio não precisa dar nem meio coraçãozinho porque seu olhar de afeto nos fala mais do que milhares “uau” nas fotos, sua única amável companhia vale mais que um milhão de seguidores na rede social. Amizade real é “uau” de verdade.
Portanto, não caia nas garras da hashtag do exibicionismo.
Não deixe se iludir pela fácil sedução de um perfil virtual que esconde verdades duras, defeitos severos.
Não se engane por rostinhos cheios de filtros que apagam cicatrizes da alma e enfeitam sorrisos amarelos. Por perfis lindos que ocultam egoísmos e maldades, cuja única habilidade do dono é adulterar fotos. E agradeça a nova era que o Ig instaura agora, incitando a discussão sobre um mundo de mentira, valorizado pela mídia, pelos nossos sonhos e angústias.
Um mundo equivocado que nos deixa ansiosos ou nos coloca em depressão mesmo que sejamos o blogueiro com mais curtidas do país inteiro, valores trapaceiros que atentam contra a própria vida do instagramer quando não se é capaz de superar as tantas curtidas de um conto de fadas que não deu certo.
Pois, veja bem, Branca de Neve, a maça é linda, mas está envenenada.
Presta atenção ao seu redor, há tanta gente incrível no mundo real que não liga para curtida. Quanto coração lindo existe sem perfil social. Por isso, valorize uma pessoa, não pelo que ela traz em sua vida virtual, mas pelo que ela carrega dentro do peito. Curta alguém, não pelos likes que ela dá na sua fato, mas pelos galhos que ela lhe quebra ao vivo.
Porque real mesmo são os sentimentos da alma e não há aplicativo capaz de mascará-los.