Sabe aquela sensação de impotência diante da vida?
São tantos os problemas ao nosso redor que nos sentimos esmagados, deslocados, amputados. Essa sensação de inferioridade gera o ímpeto de desistir, fugir ou sumir.
Desta forma, sentimo-nos tão oprimidos pelos outros que chega um momento em que nos falta força de reação.
Isso acontece porque deixamos de acreditar no nosso verdadeiro valor e nos vemos deslocados em tudo a nossa volta.
Entretanto, a fábula abaixo vai revelar o segredo sobre esse poder que cada um de nós traz consigo e que é capaz de mudar nossas vidas.
O Rei Tigre e a Cobra Plebeia.
O Rei Tigre urrava de raiva pela entrada de uma cobra em seu reino.
– Expulsei todas as cobras de minha floresta! Como ousas?
– Quem disse que a floresta é Vossa?
Indagou a cobra deixando o Rei Tigre mais furioso ainda.
– Todos sabem que é minha!
– Só porque vós dizeis? Um dia essa terra fora de ninguém.
– Mas eu lhe digo que agora ela é minha! As árvores são minhas assim como os seus frutos!
As flores são minhas, assim como seus perfumes! Os animais estão sob meu reinado! Todas as pedras preciosas são minhas!
– E por que nós, cobras, não podemos ficar?
– Porque vocês não têm valor nenhum. Suas imprestáveis! Sua carne é indigesta. Vocês não têm patas para marchar rumo à guerra, nem garras para trazer-me alimentos ou ouro. Suas formas alongadas são abomináveis e a textura de suas peles repugnante.
– Não é porque não somos valiosas para Vossa Majestade que não temos valor para o Universo.
– Se não têm valor para mim, não servem para nada. Precursoras do pecado!
– Quanto preconceito!
– Uma cobra jamais se chamaria Narciso.
– Olha, Rei, tenho um veneno que temo usar, apesar de minha natureza imperfeita, mas Vossa Excelência destila um ódio que nem deveras tem, só o fabrica pelo esforço em maldade.
– Sua cobra petulante! Olhe para mim e olhe para você. Estou por cima, sou mais forte. E você é um réptil desprezível e amputado. Arrepender-se-á de me afrontar!
Imediatamente, o Rei Tigre tentou esmagar a cobra com sua pata. Ágil, a rastejante escapou.
Então, o Rei perseguiu a cobra que se lançava por entre as majestosas patas no zigue-zague do medo. Até que, sem mais paciência, o Rei pegou sua arma de fogo e apontou para a cabeça da cobra.
Antes que o tigre atirasse, em um instinto de defesa, ela deu o bote e picou, precisamente, o umbigo da majestade. Uma gota de veneno, e o Rei foi ao chão perdendo seus sentidos para sempre.
Sua vangloriosa majestade, então, perdeu a razão de ser.
Logo em seguida, um anjo invisível aproximou-se do Rei e estendeu-lhe a mão. O Rei Tigre revoltado com a nova condição esbravejou:
– Diga-me! Como uma cobra, um bicho tão ínfimo, pôde derrubar um soberano sobre seu reinado?!
– É que, enquanto Majestade, você passou sua existência inteira sem entender uma fundamental lei da vida.
– Ora, mas que lei?!
– O verdadeiro poder está na essência.
E, aos prantos, o Rei Tigre entendeu que a força de alguém não vem de qualquer outro lugar que não seja o próprio coração.
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